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Competitividade e atração de talento no mercado global: as empresas medem-se aos palmos?

2022.09.23

Por Nuno Melo, co-fundador da BOOST IT e fundador e CEO da Nexus

O trabalho remoto e o modelo de trabalho híbrido não são realidades incríveis e inovadoras impostas pelo pacote pandémico e pós-pandémico. Já existiam antes de tudo isto. Já faziam parte das estratégias de qualquer empresa com uma estratégia de internacionalização e de recrutamento e qualificação de recursos bem definida.

Mas é inegável que a pandemia empurrou estes e outros modelos de trabalho para a ribalta, e acelerou a sua normalização, aceitação e adoção.

Num mercado de TI que cada vez mais se digladia pela atenção e retenção do talento tecnológico, esta “tendência” tem tanto de bênção como de maldição.

Por um lado, (o positivo), temos à disposição um mercado global totalmente aberto, cheio de potenciais profissionais altamente qualificados em diferentes partes do mundo, alguns com valores de mão de obra bastante atrativos, totalmente motivados para trabalhar em projetos fantásticos em qualquer parte do mundo.

Por outro lado, (o da maldição), temos à disposição um mercado global totalmente aberto, cheio de potenciais profissionais altamente qualificados em diferentes partes do mundo, alguns com valores de mão de obra bastante atrativos, totalmente motivados para trabalhar em projetos internacionais.

Confuso? Nem por isso! Este mercado está aberto e disponível para todo o tipo de empresas. Já ninguém concorre apenas com os players locais, e há muito que o tamanho já não importa. O conforto e a segurança que as grandes empresas tinham, promovido pela forte capacidade financeira, pela notoriedade da marca ou mesmo pela grandeza da sua carteira de clientes, já não existe. Atualmente “as grandes” perdem facilmente recursos para as startups e para as pequenas empresas. Porquê? Porque o mercado de talento é global, mas o de contratação também é.

Não vamos ser politicamente corretos e fingir que o dinheiro não importa. A remuneração é importante, e nesse campo, as empresas nacionais estão quase sempre em “maus lençóis”, mais não seja porque o conceito de “pequena e média empresa” (e respetiva capacidade financeira) lá fora não é igual ao nosso conceito de PME. Ou seja, a probabilidade de perdermos recursos para uma pequena empresa fora de Portugal é uma realidade.

Depois porque existem inúmeros incentivos financeiros que conferem a estas startups uma almofada que muitas empresas, com anos de mercado, não têm. Isso desequilibra o jogo da conquista de recursos.

Mas também temos de admitir que o dinheiro não é tudo atualmente, e até neste campo as grandes empresas têm de ter muito jogo de cintura para conquistarem os melhores. As startups que nascem no digital, e até muitas pequenas empresas, tendem a ser mais dinâmicas, modernas e flexíveis. Nem sempre é fácil uma grande empresa “mover” todo o seu legado para uma nova Era, e ser sexy para o talento tecnológico.

O isco até pode ser bem lançado, mas a retenção continua a ser o grande desafio. Como mantemos a permanente motivação? Como combatemos as constantes investidas de furto por parte de concorrentes de todo o mundo? Como mantemos tudo apetecível, desafiante e equilibrado? Escondemos o nosso talento ou tornamo-nos irresistíveis? Como asseguramos que a comunicação, a partilha, o trabalho e a gestão de equipas multiculturais, que trabalham em fusos horários diferentes e que nunca se conheceram presencialmente funcionam de forma perfeita?

Admitimos que a batalha pelo talento é demasiado avassaladora, e preocupamo-nos exclusivamente em arranjar uma equipa com as hard-skills necessárias? Ou não queremos comprometer a qualidade de serviço e vamos atrás dos melhores/mais ajustados à nossa realidade?

Atualmente a concorrência já não chega só dos concorrentes diretos, dos Unicórnios da vida, ou dos pares do mercado. Vem também da pequena startup “da esquina”, que nasce já no domínio de um negócio forjado nesta nova Era, e que facilmente enche o olho aos melhores dos melhores.

Fonte: Observador

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